sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

CÓPIA DO OFÍCIO QUE O PADRE ROLIM ESCREVEU AO PRESIDENTE DO CEARÁ EM 19 DE NOVEMBRO DE 1868

Ilmo. Sr. Presidente.

Na digna pessoa de V.Excia., respeito a primeira autoridade da província. De- sejo que V.Excia. se digne prestar-me um pouco de atenção sobre o que passo a expor. A- cho-me, presentemente, nesta comarca do Crato, e seja qual for a minha pátria, a minha idade, a minha capacidade, a minha disposição, desejo pres- tar-me a serviço de meu país, enquanto a morte não reclamar os seus direitos sobre mim. Este maravilhoso Cariri, atravessado de noroeste a sueste por uma ramificação da grande serra que aqui tem o nome de Araripe é em muitas partes regado por águas cristalinas que, em torrentes mais ou menos abundantes, arrebentam de profundos vales nas encóspias (sic) da serra e formam arroios donde os habitantes industriosamente extraem córregos ou levadas de água para as suas lavouras durante a seca. As faldas da serra constando de terras ora arenosas, ora argilosas e sempre boas para toda sorte de vegetação, têm a vantagem de poder ser favorecidas d’água na estação seca; e é para lamentar que tais terras não estejam cobertas de videiras, árvore do pão, oliveiras, figueiras, árvore de leite, chã da índia, cacau, tâmaras, sagu, as quais aqui se alimentam mui bem, como tem sucedido às outras árvores exóticas que aqui vemos e que vegetam tão bem como as indígenas do Cariri. Decerto a indústria europeia teria melhorado muito bem uma tal terra, onde ao tempo da seca correm regatos de boa água em tal abundância que chegam para regar extensas campinas. 0 solo produz bem toda a qualidade de cereais que aqui se tem plantado. Eu acho-me agora na diligência de experimentar uma plantação de trigo, trabalho este que empreendo com o fim de induzir os fazendeiros do campo a fazerem alguma cultura desse importante gênero. Visto que V.Excia. é quem presentemente tem em seu  poder os destinos desta Província, a quem, senão a V.Excia. devemos nós recorrer? Sei que esta requisição não está isenta de ser taxada de intempestiva e até absurda e para V.Excia. escusada, uma vez que bem conhece as circunstâncias atuais, as necessidades da Província, as localidades e propriedades dos terrenos; todavia, é urgente que nós sejamos importunos em busca de melhoramentos, e se V.Excia. quiser ter a bondade de atender a esta humilde declaração, a minha esperança a tal respeito não ficará frustrada; porque então V.Excia. dará as providências necessárias e munindo-se de autorização pela Assembleia provincial, em razão da despesa, requisitará da Sociedade Auxiliadora da Indústria do Rio de Janeiro aquilo que agora pedimos como mais necessário. Pelos nossos sertões já se vai plantando algum trigo, porém o trigo que me parece preferível a todos é o sarraceno ou negro que se planta nos Estados Unidos, no Rio de Janeiro já a Sociedade Auxiliadora da Iedústria tem dado sementes!
Alguns moinhos que se têm empregado para alguma trituração de trigo são impróprios para isso; portanto, é necessário mandar vir da América Inglesa algum moinho excêntrico, ou capaz de triturar bem. As vides que devem servir para o fabrico de vinho no nosso país são do gênero Vitis labrusia, sendo preferível a espécie Catawba, que se cultiva em grande escala nos Estados Unidos. Quanto ã oliveira, será difícil transplantá-la, mas não creio que seja impossível. A árvore-vaca, ou de leite, que ê indígena na Venezuela, se já não há na Caiena inglesa e holandesa, será pela dificuldade de propagar-se.
Em suma, os nossos objetivos de en- comenda reduzem-se a sementes de trigo ne- gro ou sarraceno, um moinho excêntrico, se- mentes ou pés de Catawba, e repentões (sic) ou pés de oliveira.


De V.Excia. súdito respeitado e capelão

Inácio de Sousa Rolim
Cidade do Crato, 19 de novembro de 1868


segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

PADRE ROLIM, SUA VIDA E SUA OBRA


(Do jornal A União, órgão oficial do Estado, edição especial do dia 22 de agosto dc 1937, em homenagem à Cajazeiras por ocasião das solenidades de inauguração do Monumento ao Padre ROLIM).

O padre INÁCIO DE SOUZA ROLIM era filho de VITAL DE SOUZA ROLIM e sua esposa AMA FRANCISCA DE ALBU- QUERQUE, conhecida por Mãe Aninha, que foi una bela expressão de piedade cristã e generosidade d'alma, sendo conside- rada o modelo das mães caja- zeirenses.
Sobre a personalidade desta mulher, cuja memória é venerada respei- tosamente, muito se tem falado de suas virtudes, e de sua ação de trabalho e a- ssistência social. Fala-se que sempre fora uma das mais vivas preocupações de ANA DE ALBUQUERQUE cuidar dos pobres. Quando saía para passear pelas veredas da fazenda primitiva, levava sempre um pouco do algodão para ir fiando. Vendia depois os novelos de fio que fazia nestes passeies a fim de aplicar o dinheiro aos pobres. Os cajazeirenses devem ter um culto de veneração a esta mulher. Foi ela quem fez a igreja que é hoje a Catedral de Cajazeiras. (Referência à atual igreja Matriz de Nossa Senhora de Fátima, que foi por muitos anos a Sé Episcopal desta Diocese). Adivinhou o futuro dessa terra. Era uma senhora sem orgulho. Apesar de rica, dona de escravos e senhora do lugar, prestava a todos indistintamente os seus serviços de obstetrícia. Não perguntava se era rico ou pobre, branco ou escravo que a chamava. Tudo que uma mulher pôde ter de virtude, de piedade, de espírito de sacrifício, de dedicação maternal, de energia, de elevação e de beleza moral teve-o ANA DE ALBUQUERQUE.
     O padre ROLIM nasceu na então fazenda de Cajazeiras, proprie- dade de seus pais, em 22 de agosto de 1800, sendo batizado na capela de São João do Rio do Peixe pelo padre Inácio João. Foram seus padrinhos LUIS GO- MES, conhecido por alcunha de Velho Alferes, e sua esposa, FRANCISCA XAVIER DE MELO.
Em 1816, foi para o colégio do padre JOSE MARTINIANO DE ALENCAR, no Crato, donde voltou no ano seguinte por causa da revolução de 1817. Padre MARTINIANO DE ALENCAR tomou parte saliente nesse movimento revolucionário.
Seminário de Olinda no século XIX
    Padre Rolim seguiu depois para a cidade de Sou- sa, onde continuou os seus estudos durante algum tem- po. Partiu para Pernambuco em 1822 e internou-se no se- minário de Olinda, orde- nando-se em 2 de outubro de 1825.
     Em 1826, ocupou o cargo de reitor daquele seminário e durante este período entregou-se apaixona-damente ao estudo das línguas vivas e mortas. É sabido com certeza que o padre ROLIM sabia dez línguas: latim, grego, sânscrito, hebraico, português, francês, italiano, espanhol, inglês e alemão. Se us artigos sobre história natural eram remetidos para Portugal e ali publicados nas revistas mais importantes.

FIEL ADEPTO DE AZEREDO C0UTINHO
Foto da antiga matriz na década de 30
         De volta a Cajazeiras, em 1829, foi conviver na companhia de seus pais, ajudando sua mãe no levantamento da igreja.
         O padre ROLIM, educado na escola de Azeredo Coutinho, compre- endia a indeclinável necessidade de di- fundir a instrução como prodigiosa for- ça de levantamento moral do povo paraibano, digamos melhor, da pátria brasileira.
O primeiro colégio que o padre ROLIM abriu nos sertões paraibanos foi no lugar Serraria, existindo, ainda em 1903, já denegridas e carcomidas as paredes dessa escola.
Crescendo o número de meninos que   queriam estudar, o padre ROLIM teve de transportar o seu pequeno colégio de Serraria para mais perto da casa de seus pais, onde fez construir uma pequena casa de taipa para esse fim.
Foi esse o princípio do Colégio ROLIM, que começou a funcionar oficialmente em 1843.

O COLÉGIO PROPULSOR DO DESENVOLVIMENTO DE CAJÁZEIRAS
O colégio na década de 50
    Nessa época já o Colégio era o primeiro estabelecimento de edu- cação em todo o Estado e o seu renome se aos Estados vizinhos, pois vinham-lhe es- tudantes de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Maranhão.
   Em 1849, o venerando sacerdote começou os tra- balhos de um cemitério e os alicerces de um novo edifício para o colégio.
Sobre o colégio diz Celso Mariz. "A casa de ensino do Padre ROLIM fazia-se À proporção que chegavam os discípulos. Cada aluno esperava o seu teto, embora já encontrasse o seu livro".
Cardeal Arcoverde, o primeiro da
América Latina
Foi esse prédio o propulsor do desenvolvimento de Cajazeiras. Assim diz o padre HELIODORO PIRES, cronista do Padre ROLIM: "Atraída pelos doutos ensinamentos do padre ROLIM, afluiu para ali, em poucos anos, uma população considerável que formou essa cidade única na Paraíba, cujas bases se formaram em estabelecimento de instrução primária e secundária".
Entre os estudantes do citado estabelecimento figuram o saudoso CARDEAL ARCOVERDE, e outras personalidades de relevo na política, no clero e na sociedade do Estado.

NO MAGISTÉRIO PERNAMBUCANO
Em 1855, teve o padre ROLIM de abandonar narra sua oficina de ensino, em virtude de exigir Pernambuco a sua cooperação no magistério, por intermédio, do presidente JOSÉ BENTO DA CUNHA FIGUEIRÊDO, que muito o admirava.
No Ginásio Pernambucano esteve lecionando a cadeira do Grego, para a qual fora especialmente chamado até 1862, voltando licenciado ao sertão, onde ficou definitiva mente.
Floresceu o Colégio Padre ROLIM até 1877, vindo arrefecer-lhe o prestigio a terrível seca, que tanto desolou estes sertões, depois da qual não readquiriu mais o brilho de outrora, apesar de grandes tentativas.

APÓSTOLO DA FE E DA RELIGIÃO
Rua Padre Rolim talvez na década de 30
     Diz o padre HELIODORO PIRES: "de uma modéstia invejável e gran- de sobriedade em todos os seus hábitos, jovial e sincero, do uma pureza angelical, amando mais aos outros do que a si, foi o padre ROLIM um misto de piedade, doçura e bondade infinita e alma sempre voltada para o bem, para o mais sublime dos sacrifícios, o sacrifício dos seus interesses a bem da comunidade geral. Cajazeiras era uma fazenda, ele a transformou em um centro do civilização, proporcionando-lhe ao mesmo tempo as indispensáveis condições da existência; tinha os braços e o coração sempre abertos às agruras de todas as misérias humanas; era uma vida toda modelada nas belezas morais do Evangelho e na doutrina do Divino Mestre".  

APÓSTOLO DA FE E DA RELIGIÃO

Contava-o também a ciência como um dos mais formosos prosélitos. Dedica-se às línguas e tornara-se um poliglota. Nas ciências fizera da História Natural o campo de especial predileção, cujos segredos perscrutava com as visões de um predestinado desvendando o que ela tem de impenetrável. Nisto que se ilumina a compleição do filósofo. De suas obras apenas saíram à publicidade a História Natural e a Gramática Grega.
O padre ROLIM pretendia ainda publicar um tratado de filosofia e outro de retórica, bem como uma Gramática Portuguesa, o que não chegou a fazer devido a sua ojeriza às imperfeições do serviço tipográfico verificados com a publicação de sua Gramática Grega.
0 padre ROLIM foi um devotado à ciência de quem muito tinha a ganhar, se a instintiva atração o não arrastasse ao sertão e o não fizesse abandonar os grandes centros, onde encontraria uma vasta arena de material para satisfazer a sua afanosa ânsia de saber.
Do seu amor à instrução, diz ainda o padre HELIODORO: "Onde quer que estivesse, fundava uma escola, sempre a investigar os meios de melhorar a instrução e mais proveitosamente difundi-la, como se nisso visse a pedra de toque” o momentoso problema do aperfeiçoamento de sua pátria.

O ANIMADOR DO PROGRESSO DE CAJAZEIRAS

Feira de cajazeiras na década de 50
A realização da primeira feira de Cajazeiras deve-se à iniciativa do padre ROLIM, juntamente com o seu cunhado tenente SABINO DE SOUSA COÊLHO, conseguindo, as- sim, atrair o comércio que então se fazia em SÃO JOSÉ DE PIRANHAS, a 5 léguas desta cidade.
Assim escreve o Sr. Emídio Assis: "A 1ª feira de Cajazeiras realizou-se em um domingo de agosto de 1848, cuja finalidade era atrair o comércio que então se fazia regulamente em São José de Piranhas, a 5 léguas ao sul desta cidade. 0 padre ANTONIO TOMAZ, vigário da paróquia, faz a prédica anunciando ao povo a primeira feira garantindo ao mesmo tempo o consumo de todos os víveres que afluíssem ao mercado. Somente, a primeira feira, o pequeno mercado não consumiu os víveres cujas sobras foram compradas pelo tenente SABINO DE SOUSA COÊLHO e o padre ROLIM, como haviam prometido".

PADRE ROLIM ABOLICIONISTA

Padre ROLIM foi também um sincero admirador do ideal abolicionista, de que deu admirável exemplo.
Em 1839, renunciando a favor de seus irmãos a pequena herança que de seu pai lhe tocara legitimamente, deu a carta de alforria a todos os seus escravos, procedendo (sic, acredito que o uso do vocábulo procedendo não procede, acredito que um erro gráfico, o correto seria precedendo), o movimento abolicionista, que só veio se verificar anos depois.

 SÍNTESE DA SAED0RIA, DA VIRTUDE E DA CARIDADE.

Faleceu o padre ROLIM às 8 horas da noite do dia de sábado 16 de setembro de 1399, em um quarto, que lhe servia de aposento, no prédio do Colégio que fundara, onde viveu os últimos tempos dê sua preciosa existência, entregue às práticas da caridade cristã e a uma quase abstinência de alimentação.
Foi vitimado  por uma astenia cardíaca e senil, pertinaz incômodo que o prostrara um mês   antes, pondo fim à sua valiosa existência.
Os seus últimos momentos foram assistidos pelo padre JOAQUIM CIRILO SÁ, que naquela época regia a paróquia de Cajazeiras.
Foi sepultado na segunda-feira, 18 do mencionado mês, cerca de 11 horas do dia, ao lado esquerdo do altar-mor da Catedral, (atual Matriz de Nossa Senhora de Fátima), templo por ele construído no início de sua imaculada vida de sacerdote exemplaríssimo e abnegado.
O seu passamento, narra o cronista, teve lugar em setembro, no rigor da seca, entretanto o seu cadáver, que foi sepultado quase três dias depois da morte, não exalava nenhum odor que indicasse putrefação.
As exéquias foram celebradas pelos padres JOAQUIM CIRILO DE SÃ e MANOEL VIEIRA DA COSTA, residentes em São João do Rio do Peixe.
Diz o padre HELIODORO PIRES: "Na ocasião das solenidades do funeral, era compacta a multidão que se acotovelava no recinto da igreja Matriz, que se tornou tempos depois Catedral, no afã de se aproximar do ataúde do venerando extinto".
(Até aqui a reportagem transcrita do jornal "A UNIÃO", órgão oficial do Governo do Estado da Paraíba, edição especial do dia de domingo, 22 de agosto de 1937, em homenagem a Cajazeiras, por motivo da inauguração do Monumento ao Padre ROLIM, naquele dia.)
 (Até aqui a reportagem transcrita do jornal "A UNIÃO", órgão oficial do Governo do Estado da Paraíba, edição especial do dia de domingo, 22 de agosto de 1937, em homenagem a Cajazeiras, por motivo da inauguração do Monumento ao Padre ROLIM, naquele dia.)

Cajazeiras, 15 de dezembro de 1978.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

SÍNTESE HISTÓRICA DE CAJAZEIRAS

    Cajazeiras, cidade do alto sertão oeste da Paraíba, encravada na região do vale do Rio do Peixe, afluente do Rio Piranhas, é uma localidade que tem sua história bem diferente das demais lo- calidades da Paraíba, do Ceará, do Rio Grande do Norte e de Pernambuco. Seu nome originou-se de um tio que se denominava "CAJA- ZEIRAS"; acha-se edificada nas terras da Sesmaria que fora concedida em 7 de fevereiro de 1767, pelo Governador da Capitania Jerônimo José de Melo, ao pernambucano Luis Gomes de Albuquerque, um dos colonizadores da região do vale do Rio do Peixe, o qual veio a ser mais tarde, avô materno do Padre Inácio de Souza Rolim, o sábio, o Mestre, o santo, de impe recível memória.
No local do antigo sitio, origem de nossa cidade, segundo os historiadores, existiam numerosas árvores frutíferas da espécie do cajá, motivo pelo qual a localidade fora batizada com o nome de Cajazeiras.
Como núcleo social, político, econômico, e religioso, Cajazeiras tem sua originalidade singular, dentre todas as cidades do Brasil, excetuando-se São Paulo, pois teve como a Metrópole paulista, seus alicerces firmados em um estabelecimento de ensino. "Nasceu ao beiral de um Colégio".
A primeira casa de Cajazeiras (fazenda), foi construída no inicio do Século XIX, no local onde é o atual "Cajazeiras Tênis Clube" (foto). Pode-se dizer: ali nasceu Cajazeiras. A pedra fundamental de sua edificação fora a cada Grande da fazenda, residência de VITAL OE SOUZA ROLIM e ANA FRANCISCA DE ALBUQUERQUE, casal do qual se originou a grande família cajazeirense: GOMES LINS DE ALBUQUERQUE - SOUZA ROLIM COELHO CARTAXO - BEZERRA DE MELO.
Ao lado direito da casa da fazenda VITAL DE SOUZA ROLIM construiu um açude para armazenar água para abastecer os moradores da localidade e serventia para a criação do gado e de animais diversos pertencentes aos proprietários e fazendeiros nas circunvizinhanças.
O Açude Grande depois da ampliação de 1911
Esse açude (foto), que foi um dos fatores primordiais do desenvolvimento desta comu- nidade, posteriormente am- pliado, é o atual "Açude Gran- de" da cidade, cuja principal barragem está localizada entre os clubes: "Cajazeiras Tênis Clube e Clube e 1º de Maio". Esse local É atraente e é um dos mais aprazíveis de nossa cidade. £ a nessa praia; é a praia de Cajazeiras.
Em frente à casa da fa- zenda, ao nascente, no planalto do outro lado co Riacho das Cajazeiras, ANA FRANCISCA DE ALBUQUERQUE construiu, juntamente com os seus escravos, uma pequena casa de oração, que serviu de capelinha da localidade, consagrada a Nossa Senhora da Piedade sob o título de Padroeira da comunidade cristã, que surgiu nestas plagas perdidas nas caatingas bravias do sertão brabo, do sertão selvagem.
Construída a capelinha, ela passou a ser o centro de atração espiritual dos fieis habitantes desta região e servir de abrigo para a celebração dos atos religiosos da familia cristã, que formava o núcleo social, que nascia neste torrão nordestino, sob o signo da fé, dentro das natas, nos tabuleiros desertos, nestas plagas berço das secas e dos cangaceiros, situada nos longínquos sertões do extremo norte da Paraíba.
Mais tarde, alguns anos depois, ao lado norte da capelinha de Nossa Senhora da Piedade (atual Igreja Matriz de N. Senhora de Fátima), foi edificado o Colégio do Padre Rolim (atual Colégio Nossa Senhora de Lourdes). Assim Igreja, Colégio e Açude formaram as três colunas básicas, que serviram de tripé, sobre o qual se levantou e se firmou, como núcleo social, e- conômico, político, religioso e cultural, a nossa querida e progressista cidade de Cajazeiras.
LUIZ GOMES OE ALBUQUERQUE, o velho pernambucano proprietário de todas as terras contidas na Sesmaria que fora concedida pelo Governador da Capitania à sua pessoa, residia na fazenda Lagoa, localizada a sudoeste desta cidade, hoje uma das mais importantes fazendas do Município de Cajazeiras, cujo proprietário ê o senhor JOSÉ LACERDA DE SOUZA, mais conhecido pelo nome do ZEZINHO LACERDA.
As terras do sítio Cajazeiras foram doadas por LUIS GOMES DE ALBUQUERQUE a sua filha ANA FRANCISCA DE ALBUQUERQUE, por motivo do seu casamento com o cearense VITAL DE SOUZA ROLIM, natural do Jaguaribe.
Desse consórcio nasceu entre outros filhos do casal VITAL ROLIM - ANA FRANCISCA, INÁCIO a 22 de agosto de 1800, o qual, dotado de vocação religiosa, iniciou os seus estudos no Crato, Ceará, continuando em Souza, seguindo depois para o Seminário de Olinda, Estado de Pernambuco, onde concluiu o curso de preparação eclesiástica, ordenando-se sacerdote em outubro de 1825.
Em junho de 1948, o então Prefeito Municipal de Cajazeiras, senhor ARSÉNIO ROLIM ARARUMA, de saudosa memória, sancionou um projeto transformado em Decreto-Lei, de autoria do então Vereador de nossa Câmara Municipal, senhor GEMINIANO DE SOUZA, também de saudosa memória, aprovado por unanimidade dos seus pares, instituindo o dia 22 de agosto - DIA DA CIDADE, tornando perene a memória saudosa do PADRE ROLIM.
Desde 1946, Cajazeiras comemora solenemente, todos os anos, a passagem do dia 22 de agosto, dia do PADRE ROLIM, dia de Cajazeiras.
Portanto, devemos frisar bem: o dia 22 de agosto não é a data da fundação da cidade; é sim, a data em que se comemora o aniversário de nascimento do fundador de Cajazeiras - PADRE INÁCIO DE SOUZA ROLIM.
O PADRE ROLIM, o nosso festejado Padre Mestre, depois de haver lecionado várias matérias, durante alguns anos, nos principais estabelecimentos de ensino de Olinda e de Recife, granjeando fama de cultura e sabedoria, retornou à sua terra natal, onde iniciou a grande e nobre missão de educador, ensinando os sertões da Paraíba a ler.
Em 1843 fundou nesta localidade uma casa de ensino das letras, à qual ele batizou com o nome pomposo de COLÉGIO. Esse Colégio em poucos anos se tornou conhecido e famoso, atraindo alunos, não só das regiões sertanejas da Paraíba, como também dos Estados vizinhos. O Colégio do PADRE ROLIM cresceu, valorizou esta região e foi o fator primordial do nascimento ou edificação da cidade de Cajazeiras, que se singularizou na História do Brasil, tendo, como a Capital de São Paulo, os seus alicerces firmados sobre as bases sólidas de um estabelecimento de ensino.
Cajazeiras, fazenda, tornou-se povoado florescente. Pertencia ao município de Sousa. "Por Lei Provincial no 5 de 29 do agosto de 1859, a capela feita por ANA FRANCISCA DE ALBUQUERQUE (mãe do Padre Rolim), foi elevada à categoria de Matriz, passando a ser sede Paroquial. Pela mesma Lei foi criado o Distrito de Cajazeiras. Pela Lei provincial no 9 de 23 de novembro de 1863, foi criado o “Município de Cajazeiras, cuja sede foi elevada ã categoria de vila, desmembrando-se do município de Sousa. A instalação do Município de Cajazeiras se deu a 20 de Junho de 1864 assumindo o governo municipal o Padre JOSÉ TOMAZ DE ALBUQUERQUE, primeiro Chefe da edilidade cajazeirense. Pela Lei no 616, de 10 de junho de 1876, Cajazeiras foi elevada a categoria de cidade com a criação da Comarca respectiva".
E bom que se diga aos cajazeirenses e ao povo que habita nesta terra do Padre ROLIM, que era junho de 1976, Cajazeiras estará completando cem anos de cidade.
Cajazeiras depois de trinta e oito anos de sua elevação à categoria de cidade foi constituída Sede Episcopal. Pela Bula Pontifícia - "MAJUS ÇATOLICAE RELIGIONIS INCREMENTUM" -, de 6 de fevereiro de 1914, do Santo Padre Pio X, foi criada a Diocese de Cajazeiras, que teve o seu 1o Bispo um cajazeirense, bisneto de ANA FRANCISCA DE ALBUQUERQUE e sobrinho-avô do Padre Rolim, Dom MOISÉS COELHO, de saudosa memória, nomeado por Sua Santidade o Papa BENTO XV.
Com a criação e instalação da Diocese, Cajazeiras tomou novos rumos, traçando novas metas para o seu desenvolvimento. Cresceu. Prosperou. E continua crescendo. E continua prosperando, sobretudo no campo da educação e da cultura das letras. Cajazeiras está cumprindo o seu destino de cidade MESTRA, pioneira da educação nos sertões da Paraíba. Temos uma casa do ensino superior, a Faculdade de Filosofia, Ciências o Letras; temos 6 estabelecimentos de ensino de 1 o e 2 o grau; um Seminário Diocesano; mais de uma dezena de Grupos Escolares do Estado  e do Município espalhados na área das zonas urbanas e suburbanas de numerosas escolas primárias isoladas.
No campo industrial, Cajazeiras quase não tem o que apresentar. O que temos mais importante, nesse setor, são duas usinas de beneficiamento de algodão, com o aproveitamento dos subprodutos.
Com um comércio bem desenvolvido e próspero, Ca- jazeiras, no setor de transporte rodoviário, está bem servida. Mantém, diariamente, diversas linhas de transporte rodoviário, ligando-a com todas as capitais do Nordeste, com o Sul do País, inclusive São Paulo.
Hospital Regional de Cajazeiras
No setor das finanças temos três casas de crédito bancário: Agência do Banco do Brasil, Agência da Caixa E- conômica Federal e Agência do Banco do Estado da Paraíba.
Além de tudo isto podemos enumerar ainda: os serviços de abastecimento d'água, energia elétrica, comunicações tele- fônicas, inclusive uma estação do Micro-ondas, duas bandas de música, três cinemas bem instalados, um Hospital Regional, uma Maternidade, um pavilhão (anexo ao Hospital) para tratamento de tuberculosos, um Posto de serviço médico de urgência do INPS, um ambulatório do FUNRURAL e uma Agência do INPS.
Cajazeiras, como núcleo social, surgiu despretensiosamente no cenário das comunidades interioranas. Entretanto, hoje é uma das grandes cidades da Paraíba, com mais de 30 mil habitantes, possuindo mais de 7.500 prédios. E uma cidade feliz, de povo ordeiro e pacato. Atualmente temos à frente do Governo municipal um Prefeito moço e dinâmico, o jovem Bacharel ANT0NI0 QUIRINO DE MOURA, que, em dois anos e meio de administração, apresenta aos seus municípios volumoso acervo de melhoramentos e benefícios executados a bem do desenvolvimento da comunidade, sobressaindo-se a construção do moderno prédio sede da Biblioteca Pública Municipal. O Prefeito ANT0NI0 QUIRINO, logo de inicio, conquistou a simpatia e a confiança do povo, recebendo a consagração da comunidade cajazeirense com o "SLOGAN": - O PREFEITO DA ESPERANÇA.
Concluindo, temos o orgulho santo e satisfação imensa de apontar ao povo de nosso terra, como fator máximo do progresso atual de Cajazeiras, as duas emissoras locais: - Difusora Rádio Cajazeiras (a pioneira) e Rádio Alto Piranhas (a caçula). Ca- jazeiras, no cenário social, e- conômico, político, cultural e religioso de todo o Nordeste do Brasil, é uma cidade bem conhecida, bastante simpatizada e muito valorizada , graças á atuação eficiente da divulgação de tudo o que se passa em nossa comunidade, através dos programas e noticiários dessas duas emissoras, que elevam e dignificam a nossa terra, comprovando que Cajazeiras é mesmo o berço da cultura dos sertões oeste da Paraíba.
Com isto, vemos, com alegria e muita satisfação, que Cajazeiras não parou; e não pode parar; continua e continuará para a frente, marchando, com esperança e otimismo, para o grande encontro com o Ano 2.000, porta do entrada para o século XXI, o Século das grandes e terríveis decisões da Humanidade— 1974.
02-07-1975 - No interior do Cine-Teatro Apoio XI, ã noite, grande explosão de uma bomba-relógio provocou pânico na cidade o causou ferimentos graves em 4 pessoas, das quais, duas perderam a vida dias depois. Esse misterioso atentado foi considerado pelas autoridades competentes como ação terrorista.
26-07-1975 - Visita oficial do Governador IVAN BICHARA SOBREIRA, à sua terra natal, o qual foi condignamente recepcionado, rece- bendo carinhosas homenagens dos seus conterrâneos.
22-08-1975 - Foi inaugurada, com grande solenidade presidida pelo Governador IVAN BICHARA SOBREIRA, a Agência do Banco do Estado da Paraíba S/A. Funcionou em prédio particular, na Avenida Presidente João Pessoa. Atualmente acha-se instalada e funcionando em sede própria, de estética moderna, localizada no Centro Administrativo Integrado.
26-01-1977 - Quarta-feira - Faleceu o Decano dos Mestres de Cajazeiras - Professor CRISPIM COELHO, em sua residência, à Rua Padre ROLIM, nesta cidade, com a idade de 105 anos.
30-01-1977- Pela Lei Municipal n9 617, foi fundado o jornal NOVA ERA, órgão oficial do Município de Cajazeiras.
31-01-1977- Inauguração do moderno edifício da Câmara Municipal construído pelo Prefeito ANTONIO QUIRINO DE MOURA, localizado na Praça ANA FRANCISCA DE ALBUQUERQUE, Mãe Aninha, mãe do Padre Mestre ROLIM.
31-01-1977 - Com a presença de autoridades, representantes das classes sociais, perante grande multidão de povo foi empossado solenemente o Prefeito FRANCISCO MATIAS ROLIM (FOTO), que assumiu pela segunda vez o mandado de Chefe do Poder Executivo do Município.
21-08-1977 - Inauguração solene da nova e moderníssima sede da Agência da Caixa Econômica Federal de Cajazeiras, localizada na Rua Juvêncio Carneiro. A solenidade contou com a presença do Governador do Estado, Dr. IVAN BICHARA SOBREIRA. Estiveram presentes ao ato, além de autoridades, representações de classes e povo em geral, altos funcionários dirigentes da Caixa Econômica Federal.
17-06-1978 - O Governador IVAN BICHARA SOBREIRA, acompanhado de vários assessores, procedeu a inauguração solene do Centro Administrativo Integrado de Cajazeiras, uma das grandes obras de sua fecunda administração. O acontecimento foi muito importante, teve larga repercussão neste Município e nos demais municípios de toda região do sertão oeste da Paraíba.
06-10-1978 - Sob intenso entusiasmo dos cajazeirenses foi inaugurada a Agência do Banco do Nordeste, nesta cidade, localizada na Avenida Presidente João Pessoa. A solenidade da inauguração foi presidida pelo Governador D0RGIVAL TERCEIRO NETO, e contou com a presença das mais destacadas autoridades do setor administrativo social e econômico, do nosso Estado e dos Estados vizinhos. Também se achavam presentes funcionários de elevada hierarquia nos altos escalões da administração do Banco do Nordeste. Foi uma festa bonita e muito agradável.
19-08-1979 - Com imponente solenidade foi inaugurada a Avenida Comandante Vital, a mais nova, a mais bela e a mais moderna via pública de nossa cidade. Essa Avenida, que é uma justa e honrosa homenagem de Cajazeiras à memória de um dos seus antepassados maiores, foi aberta, planejada e construída pela administração do Prefeito FRANCISCO mATIAS ROLIM. £ uma obra digna dos aplausos de todos os cajazeirenses.
05-10-1979 - Inauguração da Agência do Banco Brasileiro de Desconto - BRADESCO - localizada na Praça Dom João da Mata, nesta cidade. Foi um acontecimento muito importante para Cajazeiras. A presença do BRADESCO, em nosso meio, valorizou o sistema econômico- financeiro de nossa terra.
03-02-1980 - Universidade Federal da Paraíba inaugura V Campus Universitário de Cajazeiras. Foi um acontecimento de grande significação para a história de Cajazeiras e do sertão do Rio do Peixe e do Rio Piranhas, o que ocorreu nesta cidade, no domingo, 3 de fevereiro de 1980, às 18 horas, lá no Alto Belo Horizonte, no bairro das Casas Populares - a inauguração do V Campus Universitário de Cajazeiras. Funciona num edifício imponente, talhado na moderna arquitetura, ostentando três pavimentos, é considerado, em nossa região, a "Obra do Século”.

Prefácio do livro “Cajazeiras nas crônicas de um Mestre Escola”

            Existem diversas maneiras de se conhecer uma cidade. Possivelmente, a mais sig- nificativa é aquela que se processa através de seus personagens. E, nesse ponto, CAJAZEIRAS é privilegiada. Padre Rolim, Cristiano Cartaxo e ANTÔNIO DE SOUSA - só para citar una trilogia - são marcos ex- plicativos daquela terra e daquela gente.
       Hoje, conhecer Cajazeiras, é contatar com Antônio de Souza. Ele é um acervo vivo, uma memória ambulante, um patrimônio moral.
             "Titonho" (como é familiarmente identificado) notorializou-se (sic) como PRO- FESSOR. Na verdade, é um professor de poucos estudos, nas de uma larga expe- riência. Aliás, o conheci professor, nas nunca o vi dando aulas em sempre - Grupo, Colégio ou Faculdade. É que ele é professor de uma cidade inteira.
    Aqui, prefiro calar-me, pois colhi, sorrateiramente, frag- mentos de uma sua auto- biografia, Que ele fale, en- tão:
     Antônio José de Souza ou Antônio de Souza, como é vulgarmente conhecido, nas- ceu no dia 19 de outubro de 1901, no sítio Cotó, hoje si- tio Fátima, deste Município, filho legítimo de José Rai- mundo de Souza e de Leo- poldina Maria de Jesus. Es- tado civil, solteiro.
Seus pais eram camponeses pobres, descendentes da linhagem dos Gomes Albuquerque. Possuíam uma pe- quena gleba de terra, da qual tiravam o sustento para manutenção dos seus onze filhos.
   Como filho mais velho do casal, Antonio do Souza passou a infância e a adolescência ajudando o seu pai na luta quotidiana, no trabalho árduo da a- gricultura, nos serviço de roça, cuidando também da pequena criação de gado vacum, caprino, ovino e suíno.
As primeiras letras, ler e escrever e a tabuada, aprendeu com o seu pai. Em outubro de 1912, com 11 anos de idade frequentou, nela primeira vez, uma escola particular do Mestre (Professor) Samuel Albuquerque, que funcionava no sítio Cotó, em casa de um padrinho seu. Frequentou a escola durante um mês. Destacou-se entre os demais alunos pelo comportamento e pelo adiantamento das lições do Mestre, que o considerou como um dos mais inteligentes dos seus discípulos.
    Desejava estudar no Colégio. Sentia o chamamento para a vida sacerdotal. Queria ser pa- dre. Seus pais não dispunham de condições fi- nanceiras para custear as despesas dos estudos para sua formação sacerdotal. Mas não esmoreceu. Com ingentes sacrifícios conseguiu amealhar pe- quenas economias, que lhe garantiam o pagamento das despesas de um ano de estudos no Colégio. Re- solveu abandonar a vivência grosseira da roça, deixar a casa paterna, trocando o ambiente ma- tuto saturado de monotonia pelo convívio aberto, agradável e comunicativo da gente da cidade, cu- jo contato transmitia alegria e um pouco de educação social. E isso já era alguma coisa.
Em fevereiro de 1922 ingressou no Colégio Padre Rolim como aluno externo, matriculando-se no Curso Primário, que era feito em três séries, concluindo em 1923. Em 1924 iniciou o Curso Ginasial, que, naquele tempo, por deficiência pedagógica, o Colégio mantinha apenas as duas primeiras séries, ou seja, a metade do Curso. Em 1925 concluiu a série ginasial. Os alunos filhos de pais abastados que tinham condições para concluir o Curso, deslocavam-se para Recife, Paraíba, capital do Estado ou Fortaleza.
Não dispondo de recursos para con- tinuar seus estudos, Antonio do Souza resolveu ensinar o que aprendera. Abriu uma escola e iniciou o exercício do magistério. Fez-se professor.
Além das aulas de sua escola durante o dia, à noite, dava aulas também à meninada pobre da cidade, na Escola São Vicente de Paulo, e aos empregados no comércio, na sede da Associação dos Empregados no Comércio de Cajazeiras (AECC).
   Sob os auspícios da mocidade cajazeirense, em 1926  fundou um jor- nal esportivo sob a denominação "0 SPORT", o qual, sob sua direção, se tornou em órgão político, inde- pendente e noticioso, circunlado aos domingos. Esse jornal se manteve circulado durante 4 anos.
     Cargos que ocupou o  desempenhou a partir de 1927 até o presente ano de 1976. De 1927 a 1928, balconista das Lojas "A Pernambucana", nesta cidade. De 1928 a 1929 foi Sacristão, Tesoureiro e Secretário da Paróquia de São João do Rio do Peixe (hoje Antenor Navarro). De 1929 a 1931, professor do Instituto São Luiz, dirigido pelo Professor Hildebrando Leal.
A paixão pelos livros é bem ilustrada na
 imagem acima. Antes de entregar

Em 1932, durante 8 meses, auxiliar de es- critório na Residência de Campo da Ins- petoria Federal de Obras Contra as Secas, na rodovia Cajazeiras - Pombal. De novembro de 1932 a fevereiro de 1934, Tesoureiro da Prefeitura de Itabaiana e Diretor do Jornal Oficial do Município - "A FOLHA". De fevereiro a julho de 1934, durante 6 meses, Professor Público dos presos da Cadela Pública de João Pessoa e Censor do Governo junto á im- prensa da Oposição, na Capital do Estado. De julho de 1934 a dezembro de 1937, auxiliar de escrita no Escritório da Estação Ex- perimental de Fruticultura Tropical, do Mi- nistério da Agricultura, sediada no município de Espírito Santo, Paraíba. Em 1938 a 1939, Fiscal do Governo do Estado junto à Aca- demia de Comércio de Itabaiana. De 1940 a 1942, Redator-Secretário do jornal semanário “0 ESTADO NOVO", de Cajazeiras. De 1942 a 1944, Fiscal do DNOCS, na construção da Rodovia "TRANSNORDESTINA", trecho - Ipaumirim -Barro - Milagres - Brejo Santo - Macapá, no Ceará. Em 1945, durante 6 meses, contabilista da Prefeitura de Cajazeiras. De 1945 a 1947, Secretário da Prefeitura de Cajazeiras. Nomeado interinamente Prefeito de Cajazeiras, pelo Interventor Federal do Estado Dr. José Gomes da Silva, ocupou esse cargo durante um mês, de fevereiro a março de 1947. De fevereiro de 1948 a março de 1949, auxiliar de escrita no Escritório da Residência do DNOCS, em Catingueira, Piancó. De 1949 a 1951, Administrador da Conserva da Rodovia Central da Paraíba, trecho São Bento - Pombal - Aparecida- Sousa- São Gonçalo - Cajazeiras - Itaumirim, Ceará. Igualmente administrou, na mesma época, os serviços de conserva da rodagem do triângulo de Pombal - Jericó - Catolé do Rocha. De 1951 a 1963, Inspetor Municipal do Ensino, em Cajazeiras, cargo em cujas funções se aposentou. Desde Janeiro de 1961, Secretário do Colégio Municipal Monsenhor Constantino Vieira, cargo ainda ocupa, exercendo ainda, desde julho de 1974 as funções do Secretario da Biblioteca Pública Municipal.
    Meu tio (que orgulho!) é este homem que ora publica um livro. Não deixa descendente, dei- xa ideias. Não só descreve o passado, retra- ta, sobretudo o presente, olhando o futuro. Vê longe, sente as coisas, penetra o interior das pessoas, pois escreve com o coração na mão. ANTONIO DE SOUZA é um homem de letras, é historiador, é prin- cipalmente um CRONISTA nato.
Trata-se, portanto, de um MESTRE-ESCOLA que escreve sobre Cajazeiras em forma de crônicas.
Para justificar o título do livro, foram recolhidas, no presente volume, 78 crônicas. Existem ainda mais de uma centena de ou- tras tantas crônicas que não foram publi- cadas. São crônicas diversas abordando os mais variados assuntos. Crônicas sugestivas e deliciosas. São crônicas magistrais que tes- temunham a grandeza (vastidão e profundidade) da cultura desse Professor que enobrece Cajazeiras.


ANTONIO DE SOUZA SOBRINHO Professor da UFPb (foto)
João Pessoa, 26 de agosto de 1981.